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AGUARDEM!!!

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SEMANALMENTE ESTAREMOS PUBLICANDO NOVAS POESIAS.

domingo, 11 de março de 2012

VINTE ANOS

Como é belo sonhar na quadra dos vinte anos,
sentindo borbulhar na fronte cismadora,
os anseios do amor, os suaves desenganos,
que fizeram de Tasso o poeta de Eleonora.

Passam lindas visões...Ouço cantos ciganos,
cujo éco se propaga e morre noite à fora...
Já conheço do amor os pérfidos enganos,
Mas tenho um coração valente que não chora.

Ando em busca do amor, de uma pura afeição;
o meu apelo vai morrendo docemente
como as notas finais de uma canção...

Qual ave perseguida eu fujo do meu ramo,
ouvindo dentro em mim, numa carícia ardente,
uma voz que me diz baixinho; eu amo, eu amo...

sábado, 3 de março de 2012

A VENTURA

Tem dó de mim, desta alma impura,
que, dentre as grades da poesia, chora,
procurando nos versos a ventura,
a virgem santa que tão longe mora.

Já não tenho esperanças; tarda a hora
de conhecer a divindade pura,
cujo hálito sublime revigora
o organismo da humana criatura.

Percorri longes terras ignoradas,
passei cantando pelo espeço à fora,
fazendo-o estremecer com gargalhadas...

Eis-me de volta, amor, triste e cansado;
não pude achar onde a ventura mora,
nem lhe ouvir o tropel do passo amado.

OLHOS MAGOADOS

Olhos magoados de doçura infinda,
dois monges pareceis enclausurados;
sobre roxas violetas debruçados,
tal em fôfos coxins princesa linda.

Dizei-me, eu vos suplico: desgraçados
não sois; porque chorais no entanto ainda?
A lembrança talvez... o amor não finda...
O fantasma dos sonhos despresados?

Não pode ser; juraste-me, criança,
e eu creio em ti; minh'alma exalta e canta
nos anseios do amor e da esperança.

De alegria e de sol tua alma aquece;
mas conserva esse terno olhar de santa,
na atitude beatífica da prece!

domingo, 26 de fevereiro de 2012

CONFITEOR

Jesus, ó meu Jesus crucificado,
eu tenho sido incréu, tenho pecado
como pecam os homens, meu Senhor;
mas, súplice a teus pés, arrependido,
réu me confesso, agora, convertido,
livre afinal das tentações do amor.

Não desse amor purísssimo que desce,
como bençãos dos céus ou como prece,
ao nosso amargurado coração,
- por intermédio Teu ou de Maria-
numa efusão radiosa de poesia
ou da palavra meiga do perdão...

Mas de outro amor, diverso e tão banal,
fruto oriundo da árvore do mal,
muito distante dos caminhos Teus;
amor que inutiliza uma existência
salpica-nos de nódoas a consciência
e nos afasta, ríspido, de Deus!

Quem, ousado, afirmar que atravessara
a vida com bravura e não pecara,
- esta vida em que a luz dificil medra-
pode lançar-me em rosto, se não mente,
a ofensa que julgar mais convincente
ao mesmo tempo que a primeira pedra.

Nenhum outro pecado hei cometido;
não furtei; não matei; tenho vivido
na doce paz do meu modesto lar.
Cauteloso, a fugir da tentação,
ponho a teus pés, Jesus, meu coração,
-aberto para o Bem de par em par!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

REDENÇÃO

Havemos de voltar à luz que nos espera,
uma vez concluída a terrena missão;
hão de os anjos cantar, há de enfeitar-se a esfera
no dia claro e azul da nossa redenção.

Particular de Deus que somos - quem pudera
ao certo imaginar que o Rei da Criação
nos lançaria nús nesta imensa tapera,
em consequência de uma lenta involução!

Retemperados pelo estudo, pelo amor;
fortalecidos pela fé, pela bondade,
volveremos um dia ao ceio criador.

Mas para lá chegar (minh'alma não se ilude)
mister se faz que pratiquemos a virtude
e saibamos viver em paz e na humildade.

REFÚGIO

Quando dos homens me desiludo,
o pensamentosinto vacilante,
eu, que chegára a duvidar de tudo,
a minha crença ver periclitante,

refugiar-me procuro nesse instante.
Sem maiores delongas ou estudo,
entro num templo, tímido, hesitante,
e, por milagre, em crente me transmudo.

Ante o Filho de Deus crucificado,
por muito tempo permaneço extático
vitorioso, feliz, reconfortado...

Sáio de lá sem ódios a ninguém,
coração a saltar como lunático
na ânsia gostosa de fazer o bem.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

A MULHER E A FLOR

A mulher, que se entrega por amor,
inocente e feliz por se entregar,
sem um gesto de mágoa ou de lamento,
é silvestre como flor
despetalada pelo vento,
em noite clara de luar.

É sempre bela a flor, que se alteia ou rasteja
no descampado ou no jardim,
que se chama junquilho ou violeta ou jasmim...
Bendita seja!

Mas a flor mercenária, que é colhida,
para depois ser vendida
em sórdidos balcões,
compro-a á mulher banal,
insensivel às nobres emoções
( pobre filha do mal! ),
supinamente cega,
que ao primeiro homem se entrega
em troca do vil metal.

À infeliz criatura sem pudor,
ao tempo de Jesus apedrejada,
o incontido, o invencivel rancor
de minha alma revoltada.

Maldita  a flor que todo mundo beija!
Maldita seja!