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AGUARDEM!!!

AGUARDEM!!!

SEMANALMENTE ESTAREMOS PUBLICANDO NOVAS POESIAS.

domingo, 16 de setembro de 2012

JOÃO HUSS

Extraordinário sol, na boemia ele aparece
espalhando clarões por sobre a terra escura,
tem o porte soberbo, a nobre compostura
de um cristão primitivo absorto numa prece.

Encara com desdem a humanidade impura,
dos seus olhos de luz uma centelha desce;
a religião papal, semiânime, estremece
ante esse olhar de estranha e estupenda loucura.

É um louco! diz o povo imbecil, subjugado;
e como herege e louco ele será julgado,
porque teve no mundo a verdade por norma.

Prosterno-me a teus pés, ó teu nome venero;
consumir-te a matéria a violência do clero,
mas a ideia, que é luz, fez-se a alma da Reforma!

domingo, 2 de setembro de 2012

MULHER BONITA

Tipo bizarro de mulher faceira

gestos fidalgos de princesa eslava,

és o tipo ideal de brasileira

que minh’alma de poeta idealizava.

 

Teus olhos, cheios de melancolia,

são dois ricos bateis a navegar;

a densa escuridão, que me envolvia,

agora é noite linda de luar.

 

Tua boca sensual, pequena e doce,

berço escarlate que meu beijo aquece,

uma delicia exótica me trouxe,

misturada ao sabor de tua prece.

 

Bendito o teu sorriso que irradia

toda a beleza que em teu ser habita!

Eu te proclamo a deusa da Poesia,

tipo bizarro de mulher bonita!

domingo, 26 de agosto de 2012

VIDA FELIZ (Ao Olympio Azevedo)

Nascido nos rincões adustos lá do norte,
tem n'alma de nortista um ninho de bondade;
trouxera para o sul o ânimo rijo e forte
de quem há de vencer com brio e honestidade.

E vai lutando com valor, tenacidade,
galhardia no gesto... e, com tamanha sorte,
que sonhara acordado, em plena realidade,
um concílio feliz e uma boa consorte...

Continuam vivendo unidos e sozinhos,
cantando alegremente a toada sonorosa
que ele um dia aprendera em terras do sertão.

São gorgeios de amor que entoam passarinhos
dentro da selva espessa e rica e luxuriosa,
em beijos traduzida a voz do coração!

RESANDO

Quanto me alegra o coração, querida,
a tua piedade, o teu rezar...
Estarás por ventura arrependida,
rogando a Deus por mim, aos pés do altar?

Diviso o furto sobre mim baixar
dos olhos teus a chama apetecida,
afim de que eu também me ponha a orar
junto a Nossa Senhora Aparecida.

Olha-me sempre assim, constantemente!
Se atenderes ao meu primeiro rôgo,
Salvarás a minh'alma penitente.

És bem menina, quase uma criança;
teus olhos, que me queimam como fogo,
o coração me adornam de esperança!

sábado, 28 de julho de 2012

EMENTÁRIO (Ao Gustavo Teixeira)

Qual rara linda flor que, airosa, se levanta
da humildade da terra, ou limo de uma rocha,
ostentando na cor a pureza de santa,
de tua alma também o verso desabrocha.

O teu gênio imortal esplendoroso e terso,
vivendo como rei no cárcere do crânio,
evolou-se sutil e deu sangue ao teu verso,
desfazendo-te da alma o escuro subterrâneo.

Arrancou-te do peito a dúvida sobria;
hoje, em versos de amor, teu pensamento elevas
ao retiro feliz do sonho e da poesia,
em demanda do sol, o matador das trevas.

Cavaleiro do amor, em cruzadas gloriosas,
carregaste, sorrindo, a cruz do teu Calvário,
trazendo n'alma insatisfeita muitas rosas,
que se vão desmanchando em rimas no"Ementário"...

Aprendeste do amor os místicos segredos,
as falas divinais,os célicos arpejos,
murmurados ao luar, à sombra de arvoredos,
ao sonoro rumor de estrepitantes beijos...

Tua divina musa é um tanto merencória;
não importa; fizeste uma grande conquista,
entoando, varonil, os hinos da vitória,
amparado ao bordão de consumado artista!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

REPUDIO

Dos vãos louvaminheiros me precato,
o meu orgulho rígido os condena;
estultas opiniões eu não acato,
o insano despudor me causa pena.


Causa-me horror e nojo o seu contacto,
Tremo ao vê-los melífluos pela arena...
Tenho inveja das feras que, no mato,
não lhes ouvem a pifia cantilena.


Meu orgulho desdenha tais louvores;
mas de aplausos leais nunca prescindo,
pois que as almas perfumam como flores...


Não ambiciono posições ou gloria;
entretanto os degraus eu vou subindo,
orgulhoso da minha trajetória.

ÁRVORE MORTA

Rude esqueleto de árvore já morta,

túmulo de ilusões apodrecidas,

chegaste enfim à desolada porta

em que se curam todas as feridas.

 

Não mais ostentas, árvore esquelética,

a tua esbelta e rórifa folhagem,

e a vigorosa carnadura estética,

chovam lirios da noite constelada!

 

Chovam bênçãos e sonhos e mais flores

sobre tua misérrima carcassa!

Teu corpo assim não sentirá mais dores,

nem saberás jamais o que é desgraça!