Como sempre, tristonho, pensativo,
vou procurar a minha companheira;
o sol, ao pôr-se, doira, compassivo,
das árvores a verde cabeleira.
Entro; repousa a mata sobranceira
num silêncio funéreo; ao longe, altivo,
canta o sabiá uma canção ligeira,
que me entristece por qualquer motivo.
Parece-me que diz: "É morta! é morta
a deusa virginal que te conforta,
ó pobre sonhador de vãs quimeras"!
E morta, sim, bem morta... Ei-la prostrada
ao chão, ferida, rota, retalhada,
o corpo estraçalhado pelas feras!
Poeta, Cronista, Crítico literário, Professor e Diretor de Ensino e da Escola Normal de formação de Professores no início século XX.
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AGUARDEM!!!
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SEMANALMENTE ESTAREMOS PUBLICANDO NOVAS POESIAS.
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domingo, 22 de abril de 2012
VENTURA SONHADA
Tão moço ainda e já cansado me sentia
percorrendo sozinho a erma estrada da vida,
atrás de uma visão fugaz que me fugia,
qual fumo que se esvai, uma ilusão perdida...
Vai desaparecendo a imagem cada dia...
Não sei como aquecer minh'alma combalida
ao calor da esperança! Oh! Deus, onde estaria
a criatura ambicionada e tão querida?
Falavam-me do amor que milagres opera,
amor que purifica, amor que transfigura...
E eu, no inverno a sonhar com o sol da primavera!
Mas um dia, ao dobrar uma curva da estrada,
tu me surgiste, meiga e terna criatura,
trazendo-me num beijo a ventura sonhada!
percorrendo sozinho a erma estrada da vida,
atrás de uma visão fugaz que me fugia,
qual fumo que se esvai, uma ilusão perdida...
Vai desaparecendo a imagem cada dia...
Não sei como aquecer minh'alma combalida
ao calor da esperança! Oh! Deus, onde estaria
a criatura ambicionada e tão querida?
Falavam-me do amor que milagres opera,
amor que purifica, amor que transfigura...
E eu, no inverno a sonhar com o sol da primavera!
Mas um dia, ao dobrar uma curva da estrada,
tu me surgiste, meiga e terna criatura,
trazendo-me num beijo a ventura sonhada!
domingo, 15 de abril de 2012
MÃE (Homenagem do Poeta para sua nora Walderez)
Em teus olhos serenos transparece
a bondade, a meiguice, a candidez;
do seu brilho invulgar desaparece
a derradeira sombra da altivez.
És mãe; teu seio maternal aquece
tua linda filhinha, Valderez;
e- milagre ! transformas numa prece
o coração sensível de uma vez.
Para longe a tristeza, que envenena
os corações humanos cada dia!
Alegra-te com os bons; dos maus tem pena!
E, amando ao teu esposo com fervor,
conduzirás a nossa Ana Maria
pela estrada feliz do teu amor!
a bondade, a meiguice, a candidez;
do seu brilho invulgar desaparece
a derradeira sombra da altivez.
És mãe; teu seio maternal aquece
tua linda filhinha, Valderez;
e- milagre ! transformas numa prece
o coração sensível de uma vez.
Para longe a tristeza, que envenena
os corações humanos cada dia!
Alegra-te com os bons; dos maus tem pena!
E, amando ao teu esposo com fervor,
conduzirás a nossa Ana Maria
pela estrada feliz do teu amor!
MEU PAI
Se homens há de tão perfeitos neste mundo,
seria um deles, digo-o, com ufania;
a exalçar-lhe as virtudes que possuía
eu me sinto pequeno e me confundo.
Varão austero, de saber profundo,
a sociedade fútil repudia;
como Jesus, quando viveu no mundo,
esquecer e perdoar ele sabia.
De Marco Aurélio, o imperador perfeito,
os bens morais herdara em profusão,
tornando-se de Deus o seu eleito...
Por ser virtuoso e bom como ninguém,
levara-o Deus consigo pela mão,
para do Céu semear o eterno Bem!
seria um deles, digo-o, com ufania;
a exalçar-lhe as virtudes que possuía
eu me sinto pequeno e me confundo.
Varão austero, de saber profundo,
a sociedade fútil repudia;
como Jesus, quando viveu no mundo,
esquecer e perdoar ele sabia.
De Marco Aurélio, o imperador perfeito,
os bens morais herdara em profusão,
tornando-se de Deus o seu eleito...
Por ser virtuoso e bom como ninguém,
levara-o Deus consigo pela mão,
para do Céu semear o eterno Bem!
sexta-feira, 6 de abril de 2012
SUPREMO BEM
A velhice é uma benção divinal
aos homens concedida nesta vida,
refúgio sacrossanto contra o mal
que procura ferir-nos na investida.
E uma prêmio a quem, na luta desigual
contra a maldade humana empedernida,
sabe fazer do bem o seu punhal,
a sua arma certeira e preferida.
Divina bênção dulçurosa e pura,
o prêmio que merece a criatura
pela bondade que semeara atrás...
Hosanas à velhice que me vem
a alma ofertar, como supremo bem,
a virtude dulcíssima da paz.
MINHA MÃE
Como era boa minha Mãe querida!
Melhor na terra, certo, não havia
uma santa sofrendo nesta vida
do céu distante a doce nostalgia.
Para o esposo, ditosa, ela vivia;
sua alma pelos filhos repartida;
o lar, nesga do céu, lhe parecia
a antevisão da paz, sua guarida...
De parentes e amigos circundada,
era a santa mãe pura, idolatrada,
tão sigela, tão meiga, tão boazinha...
Bendita - pelo amor, pela humildade -
ela se fôra, na asa da saudade,
para reinar no céu como rainha!
domingo, 11 de março de 2012
TRINTA ANOS (1917)
Trinta anos a galgar a montanha da vida,
como bola atirada à toa, aos solavancos,
fui cantando, apesar das dores da subida,
ensanguentando os pés em ásperos barrancos.
Numa ascenção de sol, de gloria apetecida,
indiferente à chuva, aos bárbaros arrancos
da inveja, ia subindo a encosta, a fronte erguida,
para depois rolar pelos rochosos flancos.
Eis-me quase no cimo altivo da montanha,
no cansaço febril de tamanho correr,
ante-sorvendo o fel de uma derrota estranha...
Como é longa e penosa a minha caminhada!
Mas na vontade heroica e firme de vencer,
hei de atingir um dia a meta ambicionada.
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