Já não és para mim a bela flor do goso,
a perfumosa flor que eu, místico, sonhara,
em cujo seio róseo a borboleta avara
do meu amor sugara o mel mais saboroso.
Já não és, meu amor, a criatura rara,
de flamejante olhar, talhe esbelto e gracioso;
e já não tens na boca, escrinio delicioso,
a bebida fatal que louco me deixara.
A tua palidez de cêra me enternece;
as rosas de tua face esfolharam-se, louca,
mas conservas no olhar as doçuras da prece...
O teu sereno olhar de bondade me ensalma;
amo-te ainda e guardo, ocultos na minh'alma,
os sangrentos rubis que te roubei da boca!
Nenhum comentário:
Postar um comentário