Quando ela passa, a formosura rara,
olhos profundos como a noite calma,
vejo somente um bloco de carrara,
fria estátua de mármore, sem alma.
Em meus lábios perpassa um riso de amargura,
misto de escárneo e de piedade,
ao ver que a encantadora criatura
é a viva imagem da futilidade.
Minh'alma se rebela ante o fulgor
desse perfeito mimo de estatuária;
a vil matéria é a câmara mortuária
para as almas que vivem pelo amor.
Beleza material é poesia,
fugaz e femintida.
Que o diga o Padre Vieira:
"Beleza...que é beleza nesta vida?
Apenas uma caveira
bem vestida".
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